já não contenho o sopro arrancado ao ar para ser o sangue que tece todo o respirar deslocado dos meus dedos

fico: inteira e transparente. e há uma estrela despenhada da minha boca que percorre a própria dificuldade de inventar. antes, era força necessária existir um corpo e uma carne para desarrumar o lugar. e, se alguém dizia : esta é uma estação por começar – havia o perdão efabulado do crime e toda a devastação era funda.

agora fecho o espaço à idade. procuro as pétalas impressas na convulsão do desespero que não cheguei a cometer. espero ainda morrer apoderada de uma força contaminada pelas palavras. como se o esquecimento me trouxesse a ferida que perdi e o chão embriagado pudesse sustentar uma voz aflita de tanta doçura.

no fim, sobra-me ainda o nome: este vertiginoso clarão encostado aos meus lábios como um cadáver. a doença estancada que se espalha no silêncio acordado de quem já não sente

às vezes as coisas desatam a morrer-nos por dentro do peito

Sem comentários: